A Fundação Iochpe levou a experiência de 30 anos do Programa Formare, voltado à formação de jovens para o mercado de trabalho, para o seminário “Desafios e perspectivas no itinerário de formação técnica e profissional no ensino médio”. O evento foi promovido pelo Ministério da Educação (MEC) em uma ação conjunta das Secretarias de Ensino Técnico (Setec) e de Educação Básica (SEB), entre os dias 25 e 26 de setembro, em Brasília, com presença de secretarias municipais e estaduais de educação, instituições ligadas à rede federal de ensino técnico e tecnológico e entidades ligadas ao setor.
De acordo com as alterações propostas na Lei nº 13.415, que estabelece as diretrizes e bases da educação brasileira, o currículo do ensino médio passa a ser composto pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e por itinerários formativos específicos, sendo um deles a formação técnica e profissional. Na abertura do evento, o ministro da Educação, Rossieli Soares da Silva, disse que o mais importante é assegurar um ensino médio mais justo para a juventude brasileira.
“O Brasil tem apenas 9% das matrículas do ensino médio em educação técnica, enquanto países desenvolvidos têm de 40% a 50%. O Brasil precisa avançar e dar oportunidade para os jovens também poderem escolher o itinerário formativo técnico e profissional dentro do ensino médio. Esse é um dos grandes desafios para o país. O ensino médio tem que fazer mais sentido para os jovens”, argumentou o ministro.
Ele anunciou ainda que em breve será publicada nova portaria governamental para fomentar a educação integral ligada a estudos de impacto, com o objetivo de estimular novos modelos, inclusive aqueles ligados à educação profissional e técnica. Segundo Rossieli, entre os temas que mais têm sido explorados pelas secretarias estaduais de educação, destacam-se projeto de vida (88%) e mundo do trabalho (75%).
Após a abertura do evento foi organizada uma dinâmica com pequenos grupos para promover discussão sobre forças, fraquezas, oportunidades e ameaças para a implantação do itinerário de formação técnica e profissional no ensino médio. Os participantes listaram como preocupações falta de recursos e infraestrutura para o atendimento das demandas das secretarias estaduais e necessidade da criação de critérios para o estabelecimento de parcerias entre as secretaria e diversas instituições que já oferecem formação técnica e profissional no país.
Para Cláudio Anjos, diretor-executivo da Fundação Iochpe, experiências bem sucedidas de organizações sociais que se dedicam a uma formação profissional de qualidade para jovens têm potencial para ajudar governos a enfrentar a crise do ensino médio. “O Programa Formare, por exemplo, completa 30 anos em 2019 e registra resultados bastante efetivos, destoando do que vemos no ensino médio brasileiro. Os jovens de baixa renda do nosso projeto são aqueles alunos do ensino médio com alta probabilidade de evasão, mas eles se engajam no mundo do trabalho, em seus projetos de vida e passam a se dedicar mais à própria escola. Ao fim do curso, 80% deles conseguem um emprego e quase 100% declaram que o programa é determinante na decisão de seguirem estudando, seja na formação técnica ou superior”, afirma Anjos.